Espiritualidade e Cidadania


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Enf. Prof. Diego da Rosa Leal


Resgate da identidade cultural, valores, espiritualidade e AUTO-ESTIMA



A Brasilidade



A IDENTIDADE CULTURAL, VALORES, ESPIRITUALIDADE E AUTO-ESTIMA DO POVO BRASILEIRO 

Um dos primeiros problemas que os cientistas sociais brasileiros buscaram resolver em fins do século XIX foi o da existência e características da brasilidade, que segundo eles se comporia de duas vertentes: um patrimônio cultural formado de elementos harmoniosos entre si, que se conservaria semelhante através do espaço e do tempo; e a partilha do patrimônio cultural pela grande maioria dos habitantes do país, em todas as camadas sociais. Tais elementos consistiriam em bens materiais (maneiras de viver) e espirituais (maneiras de pensar). 

Os pesquisadores de Ciências Sociais desse período estavam conscientes da grande heterogeneidade de traços culturais ligados à variedade dos grupos étnicos que coexistiam no espaço nacional que se distribuíam diversamente conforme as camadas sociais. Os traços culturais não configuravam de modo algum um conjunto harmonioso que uniria os habitantes, comungando nas mesmas visões do mundo e da sociedade, nas mesmas formas de orientar seus comportamentos. Complexos culturais aborígenes, outros de origem européia, outros ainda de origem africana coexistiam. E estes cientistas sociais acusavam a persistência de costumes bárbaros, aborígenes e africanos, de serem obstáculos impedindo o Brasil de chegar ao esplendor da civilização européia. Consideravam-nos assim como uma barreira retardando o encaminhamento do país para a formação de uma verdadeira identidade nacional, que naturalmente embaraçava também um desenvolvimento econômico mais eficiente. 

Em fins do século XIX, os intelectuais reconheciam a heterogeneidade cultural e o sincretismo na sociedade em que viviam; mas negavam-lhe qualquer valor e, também que houvessem constituído já uma identidade brasileira ou uma identidade nacional, seus preconceitos raciais e contra os costumes bárbaros dos africanos e dos indígenas impedia os de reconhecer qualquer valor a qualquer tipo de mestiçagem. 

Admitiam então os jovens intelectuais, e somente então, que brancos, negros, mulatos, mestiços, nas variadas camadas sociais, eram portadores, no Brasil, de um mesmo núcleo cultural, de instrumentos, de comportamentos, de valores, e que civilizações híbridas não eram perniciosas, nem em sua essência, nem em suas consequências. Reconheceram então os jovens intelectuais que, juntamente com negros, mulatos, índios, mestiços, compunham uma totalidade nacional. 

Os cientistas sociais brasileiros mais antigos não podiam negar a mistura de traços culturais existentes em seu país, encontrada em todos os estrados sociais e em todos os grupos étnicos, embora recusassem reconhecê-la como uma civilização ou como um foco de identidade cultural, negaram, pois, a existência desta. Quando mais tarde uma outra geração de intelectuais pode e quis encarar a evidência de que sua civilização era composta de traços de variada origem, alguns harmoniosos e outros incongruentes, reconheceram e proclamaram também que a reunião de elementos desarmoniosos era importante para criar riqueza e dinamismo num patrimônio cultural. 

Atualmente, quando estudiosos brasileiros falam de identidade cultural ou de identidade nacional, referem-se, pois, a noções diferentes das utilizadas por seus colegas europeus. Nos dois casos, o que há de comum é somente o fato de que ambas noções são em geral utilizadas como instrumentos para diferenciar uma cultura ou uma coletividade do conjunto das demais. Estas noções podem se tornar também armas para lutar contra qualquer perigo que ameace com o desaparecimento ou a coletividade, ou a nação. 

Conceitos e definições são forjados por cientistas sociais nascidos e educados em sociedades e civilizações específicas; muitas vezes as discussões férvidas a que dão lugar decorrem de entendimentos diferentes do mesmo termo justamente porque as culturas em que nasceram os pesquisadores não são as mesmas. O que, consciente ou inconscientemente, admitem e o que recusam, ao construí-los, está profundamente influenciado pela própria sociedade e suas maneiras de pensar. 

Aprender a ser cidadão e cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência; aprender a usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem e devem ser ensinados na escola. 

Desta forma, é possível que exista uma relação com a auto-estima e o autoconceito, bases da representação que o indivíduo tem de si, se colocando no campo da saúde pública, uma vez que envolvem o bem-estar individual e social. Mecca et al. (1989) enfatizam que a saúde da sociedade depende em grande parte do estado psicológico com que as pessoas se colocam frente a um desafio (ASSIS, 2003). 

Para que os estudantes possam assumir os princípios éticos, são necessários pelo menos dois fatores que os princípios se expressem em situações reais, nas quais os estudantes possam ter experiências e conviver com a sua prática e que haja um desenvolvimento da sua capacidade de autonomia moral, isto é, da capacidade de analisar e eleger valores para si, consciente e livremente.

Outro aspecto importante desse processo é o papel ativo dos sujeitos da aprendizagem, estudantes e docentes, que interpretam e conferem sentido aos conteúdos com que convivem na escola, a partir de seus valores previamente construídos e de seus sentimentos e emoções. 

Uma atmosfera baseada em valores pode ser definida como um espaço amoroso, respeitoso, de entendimento e aceitação que contribui para um indivíduo desenvolver-se e aprender. Nesse ambiente, os participantes sentem-se amados, respeitados, ouvidos, valorizados e seguros, e desenvolvem habilidades pessoais, sociais e emocionais, notadamente habilidades de comunicação interpessoal, ou seja, comportamentos baseados em valores que conduzirão os sujeitos a integrarem, naturalmente, esses valores em suas vidas e no relacionamento com o outro. Uma atmosfera assim caracterizada é incentivadora, questionadora, aberta, flexível e criativa (BARROS, 2009). 

A autoestima é uma parte do autoconceito. Expressa um sentimento ou uma atitude de aprovação ou de repulsa de si mesmo, e até que ponto o sujeito se considera capaz, significativo, bem-sucedido e valioso. É o juízo pessoal de valor expresso nas atitudes que o indivíduo tem consigo mesmo. É uma experiência subjetiva acessível às pessoas através de relatos verbais e comportamentos (ASSIS, 2003). 

A espiritualidade é a busca de um sentido maior da existência, a maneira como vivemos a espiritualidade, nos seus ritos, nas suas formas é expressa através da religião e todas as religiões valorizam a solidariedade como princípio de coesão social, reconhecem a importância do indivíduo no desenvolvimento social, afirmam a importância da família, como motora da mudança para uma sociedade onde impere o bem estar-social (FERRAGE, 2012).

Parte da missão do educador é fazer com que o indivíduo reaprenda a reconhecer seus valores pessoais e espirituais e seja inspirado a apreciar os valores de sua cultura, conviver com a diversidade, formular seus juízos de valores, elaborar pensamentos autônomos, críticos e que exercitem a liberdade de discernimento, sentimento e imaginação, para desenvolver seus talentos e ser protagonista de sua história (BARROS, 2009). 

A proposta para a reflexão e prática de valores proporciona um estado mental de maior consciência e propicia que procure-se as respostas em seu interior, encontre-se soluções compatíveis com a realidade e desvele-se o sentido de educar as novas gerações em religação com valores éticos e morais. 

Somos responsáveis pelos processos que vivenciamos, quando percebemos o que somos, quem somos e qual a nossa missão de vida, somos capazes de construir, conscientemente, um mundo melhor para as futuras gerações (TILLMAN; COLOMINA, 2004).



REFERÊNCIASARAÚJO, Ulisses F.; A construção social e psicológica dos valores. Educação e valores: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, p. 17-64, 2007. 
ASSIS, Simone G. et al.; A representação social do ser adolescente: um passo decisivo na promoção da saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2003, vol.8, n.3, pp. 669-679. ISSN 1413-8123. 
BARROS, Paulo Sérgio.; Educação, cidadania e espiritualidade: uma experiência no cotidiano da sala de aula. Educação e valores humanos no Brasil: trajetórias, caminhos e registros do Programa Vivendo Valores na Educação. São Paulo: Editora Brahma Kumaris, 2009. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na Escola/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 96 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Cadernos de Atenção Básica; n. 24) 
CARMO, Hermano e Ferreira, M. Manuela; Metodologia da Investigação - Guia para Auto-Aprendizagem. Universidade Aberta, Lisboa, 2ª edição, 2008. 
CAVALCANTE, Meire.; O que dá certo na Educação de Jovens e Adultos. Revista Nova Escola, São Paulo: Abril, 2005. 
FARIA, Luísa.; Desenvolvimento do auto-conceito físico nas crianças e nos adolescentes. Análise Psicológica, v. 23, n. 4, p. 361-371, 2005. 
FERRAGE, Virgínia Zaidam Chantre.; Espiritualidade e comportamentos de cidadania organizacional: expressões de cidadania nas organizações: um estudo de caso. 2012. 
HUMPHREYS, Tony.; Auto-estima, a Chave Para a Educaçao Do Seu Filho. Editora Ground, 2001. 
LOPES, Gertrudes Teixeira et al.; O enfermeiro no ensino fundamental: desafios na prevenção ao consumo de álcool. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 11, n. 4, p. 712-6, 2007. 
MARRIEL, Lucimar Câmara et al.; Violência escolar e auto-estima de adolescentes. Cadernos de pesquisa, v. 36, n. 127, p. 35-50, 2006. 
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Saúde na Escola. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. 
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PIRES, Laurena Moreira et al.; A enfermagem no contexto da saúde do escolar: revisão integrativa da literatura. p.668. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 dez; 20(esp1):668-75. 
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TILLMAN, Diane; COLOMINA, Pilar Quera.; Programa Vivendo Valores na Educação–Guia de capacitação do educador. São Paulo: Confluência, 2004.

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